quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sarau com Claudio Gomes





Pessoal

Conheci Cláudio Gomes em 1978 na efervescencia do
MPA embrionário. Ele era muito menino naquele tempo,
devia ter uns 18 anos de idade, mas tenho a impressão
que hoje ele é mais menino ainda, o tempo preservou e
acentuou o seu sorriso maroto de moleque levado, sua
marca registrada. 
Ele veio no pacote do TeRua – o Teatro de Rua -, que
trouxe a tiracolo pessoas e artistas do naipe de Severino
do Ramo, Eliana Mara, Reinaldo Rodrigues, Sueli Kimura
e outros, todos quase crianças ainda, mas esclarecidos e
maduros demais para a idade, e em seus olhos brilhava
a sede desesperada por mudanças.
O Cláudio Gomes menino mudou o meu coração. Tão
menino e já um dos poetas mais completos e geniais
que eu conheci. Fiquei encantado com a sua poesia que
dava vida a  pessoas anônimas e invisíveis na grande
cidade, com versos velozes e econômicos de sínteses
desconcertantes, cortes abruptos e cirúrgicos, rupturas,
aproximações, rítmos e arremates na medida exata,
requisitos técnicos que o tempo fez questão de preservar
e aprimorar.
Pois é este menino eterno que o Sarau da Casa Amarela
vai receber na sua próxima edição, a de nº 06, na casa
nº 07, no dia 11/11/11, com todos os astros alinhados.   

6º Sarau da Casa Amarela

Data                      11/11/11
Horário                  20h
Local                     Casa Amarela
                            Rua Julião Pereira Machado, 07
                            (rua do Colégio Hugo Takahashi
                            próximo à SABESP)
                            São Miguel Paulista – Capital
Convidado Especial   Cláudio Gomes
Realização              IPEDESH e Alucinógeno Dramático.

Akira Yamasaki – 25/10/2011.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sarau do Sacha por Escobar Franelas, Claudio Gomes e Luka Magalhães

Sacha Arcanjo




Sarau com Sacha Arcanjo – História de um Artista e Cidadão por Escobar Franelas
Não adianta dizer que nós, que cultuamos a obra de Sacha Arcanjo, esse querubim desbravador cultural de voz maviosa, poesia artesã e militância cidadã. Não adianta falar que amamos, proclamamos e devotamos um amor profundo a um artista tão nobre, de voz franca e tranquila, de gestos comedidos, de pensamentos profundos e aplicáveis à arte e ao dia-a-dia. Não adianta, pois – tomando aqui o bordão do Obama – definitivamente, Sacha é o cara.
Tivemos na última sexta uma oportunidade única de ouvi-lo cantar e contar suas histórias. E são tantas, e são tão belas, que corremos sempre o risco de, discorrendo sobre ele, falar em demasia, elogiar ao quadrado, puxar o saco e deixar a crítica passar ao largo. Razões para pleonasmos e hipérboles não faltam, mas vamos tentar manter alguma racionalidade.
Faço coro com tudo isso pois não tenho culpa se, toda vez que posso ouvi-lo, uma aura celeste desce sobre meus ouvidos e meus olhos, e sei que, mais do que entretenimento, estou participado de um ritual, um culto ao belo.
No sarau com Sacha Arcanjo n´A Casa Amarela, sexta-feira última (07 de outubro), ele, desprevenidamente, pegou o violão para testar o som e, ao término da breve interpretação, o público o aplaudia. Não teve jeito, o show começara. Rememorando então seu nascimento em Irecê, Bahia, no distrito de Gabriel (hoje município São Gabriel), Arcanjo viajou de volta ao passado, recordou passagens da adolescência, os primeiros aprendizados, a viagem para São Paulo, a chegada em São Miguel, o emprego na Bardela, a parceria com Raberuan, as cantorias no quintal de casa, a visita dos pesquisadores que serviram de base para a exposição de arte na Capela Histórica em 78, o surgimento do MPA, os shows, as viagens, os discos, os 60 anos.
Acima disso, cantou e explicou o processo de criação de alguns dos seus sucessos como Chão Americano, Jangadeiro e Projeção. Declamou poesias, falou de tempos difíceis, não fugiu de reflexões mais elaboradas sobre a condição de ser artista na periferia de um grande centro urbano. Sacha, enfim, brindou-nos com seu melhor.
Quando findou, passava da meia-noite e meia. Não importa, estávamos todos como que envolvidos em um manto sob os auspícios da Beleza. E essas imprecisões do tempo são típicas para quem está em êxtase.
Nós estávamos.

Escobar Franelas 08/10/2011 


Na cesta de Sacha por Claudio Gomes
No sarau da casa amarela, Akira arranjou uma sexta para Sacha contar as razões e emoções que os destinos colocaram na arte que faz da vida e na vida que faz da arte.  Deliciosamente nos embalou com  seus artigos de primeira necessidade. Sim, depois que você  o conhece, ouve, lê e vê  bem dentro dos olhos dele cantando, não pode imaginar mais a própria vida, a emoção, seu próprio ritmo sem continuar ouvindo o Mestre sempre, para religar a alma à Natureza Superior.
Fiz da arte minha religião. Escolhi alguns sacerdotes para me ligar às estrelas. Sacha é um desses, que não sai da minha tenda de orações. No sarau da casa amarela isso mais uma vez ficou provado.
Foi uma sessão de  emoções. A flor da pele instalou-se nos bons que ali foram receber  as sutras sertanejas de Sacha Arcanjo. Não cantou "Água clara de cascata" nem a " Última fome". E ainda assim o cidadão-cantante trovou mais uma vez meu coração e minha mente. E se engulimos algumas lágrimas, foi apenas para lubrificar a garganta e desembargar a voz. 

Cláudio Gomes – 09/10/2011.

Sarau com Sacha por Luka Magalhães
Com o seu jeito calmo, Sacha Arcanjo chegou ao 6º Sarau da Casa Amarela para subverter a ordem, contar sua história e, com suas canções, fazer um verdadeiro depoimento de vida aos presentes.
Sem delongas, afinou o violão ajustou a voz e, contando e cantando realizou um grande show para uma platéia pequena, porém apaixonada pelo trabalho artístico de Sacha. Quem não conhecia suas músicas, ficou conhecendo. Aqueles que não sabiam de sua trajetória, passaram a admirá-lo como pessoa.
De sandálias e ostentando seu chapéu de palha, companheiro inseparável, falava de como ingressou na música e de toda sua participação no MPA e em diversos movimentos artísticos e culturais da região de São Miguel Paulista. Akira Yamasaki lembrou que: “Em São Miguel, todo evento cultural começou em Sacha Arcanjo, ou passou por Sacha Arcanjo ou terminou com Sacha Arcanjo” lembrando da importância deste artista ímpar e de seu trabalho na região.
Com seu brilho, Sacha Arcanjo enriqueceu a história dos Saraus da Casa Amarela, consolidando o evento como mais uma ótima opção de lazer e cultura que aproxima os moradores da região aos artistas populares que vivem e andam a nosso lado, passando despercebidos, como pessoas comuns.
Luka Magalhães – 19/10/2011

5º Sarau da Casa Amarela - Sacha Arcanjo



5º Sarau da Casa Amarela

Local: Casa Amarela
         Rua Julião Pereira Machado, 27
         (perto da SABESP, em frente ao
         Colégio Hugo Takahashi)
         São Miguel Paulista – São Paulo
Data: 07/10/2011 – 6ª feira, às 20h
Convidado especial: Sacha Arcanjo
Pessoal 

Sou suspeito para falar do Sacha Arcanjo, a quem conheci de forma impessionante em 1978, na Mostra de Arte e Cultura realizada na Capela Histórica de São Miguel Paulista, que aliás, deflagrou o processo de construção do Movimento Popular de Arte – o MPA. Impressionante porque por si só, Sacha naquela época era uma figura impressionante, lacônico, barbudo, cabeludo e desgrenhado, vestindo uma capa longa e surrada que lhe davam um jeito de Antonio das Mortes do Deus e o Diabo na Terra do Sol, e então eu vi aguela figura mais para profeta do que para poeta, pendurando poemas escritos à mão com pincéis atômicos, em enormes folhas de papel embrulho de cor cinza, desses encontrados facilmente nos secos e molhados da época, ainda existem?, no varal de poesia instalado na capela - ajeita daqui, um pouco mais para lá, essas coisas.

E para compor mais ainda o cenário impactante, no momento que cheguei à Capela quase arruinada, a figura sinistra estava justamente pendurando o impressionante poema “Fala, Vagabundo”, de sua autoria, que era uma grande porrada social e política em plena ditadura militar. Li o poema num papel de quase dois metros de altura, preso no chão com um paralelepípedo que naquela época era comum, gostei demais do poema mas pensei comigo – esse é doido de pedra, e foi assim que conheci o Sacha de quem tornei-me amigo para sempre.

Além do poeta genial, compositor genial e cantador genial que o Sacha é, tem um outro aspécto que me chama demais a atenção na sua trajetória, a sua impressionante contribuição  para o desenvolvimento cultural da zona leste de Sampa, ele que chegou em São Miguel Paulista, vindo de São Gabriel – BA, há mais de 42 anos, e aqui virou personagem essencial. 

Contribuição tão importante que dá para escrever um livro, alguém com aptidão para biografias devia incumbir-se disso. Contribuição tão fundamental que acho que devíamos iniciar já um movimento para que a Câmara Municipal de São Paulo outorgue ao Sacha o título de Cidadão Paulistano pela quilométrica de serviços culturais prestados a essa cidade, isso sim é uma boa idéia.

Pois é esse impressionante Sacha Arcanjo que estará no 5º Sarau da Casa Amarela no dia 07/10/2011 e por isso todos já sabem que será imperdível e impressionante, e que ninguém poderá faltar a essa indaga. 

Um abraço do Akira.
 

Edvaldo Santana no Sarau da Casa Amarela - por Escobar Franelas





 
Sarau "Jataí" Com Edvaldo Santana

Sexta passada (02/9), a Casa Amarela lotou e não era para menos: o convidado do agora já tradicional sarau mensal era o indefectível Edvaldo Santana.
Lançando novo cd, "Jataí", o ex-Matéria Prima não economizou em talento e simpatia: envolveu a todos com sua poesia soberana, a voz de trovão e as mil e uma histórias de São Miguel, que só quem tem traquejo e memória pode contar.
A noite foi abrilhantada por muitos outros convivas que chegaram junto e pegaram do microfone pra encher a noite de versos. Entre os tais, Luka Magalhães, a galera do sarau d´O Umbigo (Casa de Cultura do Itaim Paulista), além de tant´outros que dignificaram a poesia brasileira com suas participações.
Edvaldo Santana é egresso da fervilhante cena underground que corre solta produzindo muita arte de qualidade desde os anos 70 na região de São Miguel, zona leste da Sampalândia. Junto com Zé (Osnofa) Afonso, Zulu de Arrebatá, Sacha Arcanjo, Akira Yamasaki, Sueli Kimura, Artênio Fonseca, Raberuan, Ceciro Cordeiro, Lígia França, Gildo Passos e outros, ajudou a dar forma ao Movimento Popular de Arte (MPA), que desde 1978 referenciou toda a produção cultural e artística na área. Seu novo trabalho é uma síntese natural da evolução de sua obra, com muita inspiração e que coteja com  o que de melhor se tem feito na música popular brasileira dos últimos tempos.
O Sarau da Casa Amarela já é uma referência  sobre a a criação poética atual. Realizado uma vez por mês, já recebeu entre seus convidados nomes como o de Akira Yamasaki e Ivan Néris, entre outros. Seu formato é uma mesa de debate sobre a produção literária e poética do momento. O público participa pegando no microfone e dando seu recado. Depois, o convidado especial da noite faz a leitura de alguns trechos de sua obra e interage com todos, contando sua trajetória, influência e formas de criação, entre outras curiosidades. Para o próximo evento, a realizar-se em outubro, já está confirmado o nome de Sacha Arcanjo, poeta, cantador e compositor, atual coordenador da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, localizada no mesmo bairro.
Agora é aguardar a confirmação da data, anotar na agenda e esperar o dia.

Há braços para abraços,
Escobar Franelas.

4º Sarau da Casa Amarela

agendem uma data imperdível
02/09/2011, sexta-feira, 20h
:- o 4º sarau da casa amarela

o conceito será o de sempre

microfone aberto e garantia
de vez e vóz às linguagens
e expressões

e de quebra uma interferencia

absurdamente devastadora
:- edvaldo santana
que efetuará o lançamento
do seu novo cd: o jataí
que é uma abelha para quem não sabe

no 4º sarau da casa amarela

edvaldo falará também
da sua arte, da sua carreira
e da sua senda de lobo solitário

pressinto um cheiro

de chumbo grosso no ar.

akira - 06/08/2011.


Escobar Franelas confere selo de qualidade ao Sarau da Casa Amarela




escobar falou e declamou; sussurrou,
ponderou e compreendeu; vociferou,
bradou, clamou, xingou, questionou,
afirmou e praguejou; acusou, condenou
e absolveu; fingiu, dissimulou e
escamoteou; mentiu, desmentiu e
desmediu; encantou, entusiasmou e
arrebatou; sorriu, chorou, morreu,
ressuscitou; caiu, levantou, balançou e
equilibrou; enterneceu, esclareceu e
confundiu; feriu, matou e suicidou;
ajoelhou, rezou e blasfemou; indagou,
intrigou, espantou e inquietou; e
entretanto, contudo e  portanto;
comoveu, emocionou e encantou.

fique registrado aqui, que em
29/07/2011, vimos e ouvimos em
silencio e atitude de reverencia,
a poesia maior de escobar franelas que
promoveu e conferiu evidencias claras
de qualidade ao sarau da casa amarela.

akira – 01/08/2011.


3º Sarau da Casa Amarela - Escobar Franelas

 
Puxa, nem percebi mas já chegamos à 3ª edição do
Sarau da Casa Amarela que aos poucos vai se
firmando aos trancos e barrancos, como uma criança
aprendendo a caminhar, ao sabor das disponibilidades
de tempo e recursos dos envolvidos no programa.

Para nós da Casa Amarela é motivo de orgulho e

comemoração chegar ao 3º sarau e temos consciencia
de que isso só aconteceu devido ao apoio de muitos
amigos que colaboram para o sucesso do evento,
alguns atravessam a cidade no horário de pico para
ajudar.

Gente como Carlos Alberto Rodrigues - o Big

Charles, Alexandre D'lou, Jorge Gregório, Ivan neris,
Sacha Arcanjo, Tarcisio Hayashi, e Wlad e Nazaré,
do Bar do Wlad, só para citar alguns nomes.
A todos eles o IPEDESH e o Alucinógeno Dramático
agradecem de coração, o carinho e a amizade pelo
Sarau da Casa Amarela e aproveitam para convidar
a todos para comemorar o 3º sarau que ocorrerá

NO DIA 29/07/2011, SEXTA-FEIRA, COM

INÍCIO ÀS 20H, NA CASA AMARELA QUE
FICA NA RUA JULIÃO PEREIRA MACHADO,
17 (RUA DO COLÉGIO HUGO TAKAHASHI),
EM SÃO MIGUEL PAULISTA, PRÓXIMO À
SABESP;

Compareçam, o esquema é o de sempre, microfone

aberto às expressões e muito respeito pela arte de
cada um, e de lambuja, uma atração para lá de
muito especial:

UMA PERFORMANCE DO NOSSO QUERIDO
E GENIAL POETA ESCOBAR FRANELAS,
QUE DISPENSA MAIORES APRESENTAÇÕES.


 














Até lá. Tenho certeza que a Casa Amarela ficará
pequena demais nesse dia.

akira - 22/07/2011.

Ivan Neris - ecos do sarau ainda


a minha tese é que o meu amigo ivan neris não passa de um esperto farsante, um arisco poeta de mil carapaças e um certeiro atirador de artimanhas e carapuças que se esconde atrás de dezenas de muralhas e couraças, e digo mais, ele é um zagueiro de muita técnica que de primeira passa e sai jogando de cabeça erguida, mas quando necessário não tem escrúpulos de usar recursos de engodos e trapaças;

a minha tese é que ivan é uma construção de mil personagens de si mesmo, só descobri no sarau da casa amarela, quando ele abriu o seu coração e despedaçou a sua alma de vários ivans a dois metros de distancia da platéia estatelada, cada ivan mais verdadeiro que o outro, cada um mais incômodo que o outro, disparando saraivadas de poemas inquietantes que obrigavam todos a se remexer desconfortáveis nas cadeiras;

a minha tese é que os versos de ivan são de difícil digestão e causam desconforto como se avisassem que há algo errado nessa mesa de cozinha, que um soco é iminente na boca desse estômago, que um choque eletrico virá por esse chuveiro, que um cheiro ruim voltará desse bueiro, que um passarinho cagará nessa cabeça, que uma réstia de luz invadirá esse covil de renegados e que uma flor nascerá nesse antro mal frequentado;

a minha tese é que quando todas as artimanhas e trapaças foram descobertas, e quando as carapuças e carapaças cairam no chão dos engodos, incinerados pelo fogo da verdade e lirismo da sua poesia, e quando o seu peito se desnudou das couraças e coletes à prova de balas, e quando todos os ivans se desmancharam como bolhas de sabão no seu coração de ivan;
a minha tese é que nesse momento só restou o menino ivan neris com seu pé quebrado na madrugada incerta do sarau da casa amarela.

akira yamasaki – 17/05/2011.


Ivan Neris por Escobar Franelas

Horas, minutos e segundos do segundo Sarau da Casa Amarela

Querido diário, eis-me aqui, sem saber o que falar. Dia 13, o dia em que se lembrava os 123 anos em que a princesa Isabel assinara o termo de retirada dos negros das senzalas, a Casa Amarela teve a segunda epifania poética na região do Pedroso, em São Miguel. E o gozo foi tanto, e tão intenso, que foge-me daqui a palavra certa. Em dúvida, vou escrevendo, na tentativa meio vã de explicar o prazer inexplicável.
Se na primeira edição do Sarau da Casa Amarela, no último primeiro de abril, a catarse coletiva teve como mestre de cerimônia o poeta Akira Yamasaki acompanhado do violão e da voz de Raberuan, dessa vez o violonista descerrou sozinho a cortina da espera, abrindo o espetáculo num atacadão de canções inspiradas.
Lembrando esses velhos e simpáticos crooners de formatura, o nosso Tião sabe tudo de microfone no palco e violão em som maior. Destila encanto com sua poesia veemente, a voz sem falsetes, o dedilhado certo. Certeiro, inoculou veneno nos sentidos de todos, em todos os sentidos, dando-nos de brinde um prazer intuitivo. Só depois, quando já estávamos devidamente siderados pela sua voz maviosa, é que chamou para si uma outra condição, a responsabilidade de condutor de orquestra. Convidou então uma horda de convivas para que abrilhantassem também a noite, e que servissem ao público poesias como aperitivos embriagantes. Poemas de cores várias, sabores diversos, texturas inéditas e cheiros inovadores, desfilaram para uma platéia pequena, mas ouvinte acurada.
Até que Ivan Néris, garçom-mór, brindasse-nos com sua poesia destilada no fogo excelso da paixão e da contemplação. O poeta (que também é ator, compositor e dramaturgo) é proprietário inconteste de textos diversos, carregados de lirismo, com um pé fincado no barroco e outro no mundo contemporâneo. Tem linguajar e traquejo clássico, respirando ares urbanos do século XXI.
A platéia, atrevida, dispôs-se a participar das iguarias com perguntas cheias de tempero. Questionamentos surgiram, curiosidades foram saciadas, o palco, dividido com novos e velhos parceiros. E a noite esgueirava-se linda, entre poemas inspirados, leituras envolventes e conversa maneira. Nada de papo-cabeça sub-reptício, o negócio ali era fruição, simples e exata.
Lá pelas tantas, de repente Akira levanta-se, pede desculpas para lembrar a todos que era hora de zarpar. Olho no relógio, onze e tralalá, quase madrugada. O gosto sinestésico do prazer de mais uma noite delirante ficou impregnado nas vestes, nas palavras, no trato e no tato, nos gestos de carinho entre todos que se despediam, trocavam telefones, e-mails e abraços. O show tinha acabado, mas A Casa Amarela não fechava. Só quando já era sábado que, vestidos de simancol, fomos saindo na direção do sono. Sonhos.
Sábado amanheci ressacado de saudades.

Escobar Franelas
 
 



 

Ivan Neris é o convidado especial do próximo Sarau



(O texto, precioso, dessa chamada é do Claudemir Santos, do Alucinógeno Dramático. Além de grande autor teatral, ator, diretor, poeta inspiradíssimo e agitador cultural dos mais inquietos e inquietantes, o Claudemir é o melhor texto que eu conheço e não preciso dizer mais nada. Akira.)

No mês de maio, em plena sexta feira 13, Ivan Neris é o artista convidado do SARAU DA CASA AMARELA.
Neris, segundo ele próprio, multi artista, começou a escrever poemas com 13 anos - mesmo sendo questionado por professores e acusado de plágio. Iniciando seus estudos teatrais em 1995, entrou no Alucinógeno Dramático em 1996, participando de espetáculos como "Tempestade & impeto", "Uma noite lírica: Álvares de Azevedo em Transe", "Terra em Estilhaços"  e "Um Vampiro no Kaos", além do saudoso Arte Canal, do qual muitas vezes foi o anfitrião. Saiu do AD em 2004, formando parceria com Tarcisio Hayashi e criando composições para o músico (algumas destas canções poderão ser ouvidas no disco do G.R.A.Ve). Neste meio tempo, criou o grupo teatral Arte Real Fora do Tempo e apresentou-se em saraus, eventos e atividades artisticas.
Inquieto, escreve  poemas, peças teatrais e canções. Fala o que pensa - estando certo ou errado - e assume verdades pessoais de forma transparente, o que o torna um bode na sala em muitos ambientes artisticos. Ivan Neris é um maldito e sua arte está recheada de verdade, lirismo  e provocações. Não é possível passar pela arte de Neris sem refletir sobre a existência.
Pois bem, dia 13 de Abril, uma sexta feira, a partir das 20h, a Casa Amarela estará aberta e, sob o comando de Akira Yamasaki, teremos vários artistas se apresentando, e Ivan Neris apresentando parte de seu trabalho numa noite onde ele é o convidado especial.
Saravá!

SARAU DA CASA AMARELA

Local: CASA AMARELA
           Rua Julião Pereira Machado, 07
           São Miguel Paulista – São Paulo
           (rua do Colégio Hugo Takahashi, perto da SABESP)
Data: 13/05/2011
Horário: 20h
Entrada: Gratuita
Artista Convidado: IVAN NERIS
Exposição de Arte: ELIANA ALVES GASPAR

O palco do Sarau estará aberto a todos os presentes que queiram expor sua arte, ler seus poemas ou os poemas preferidos, cantar, dançar, expressar-se, enfim. Toda Edição Akira convida um artista para apresentar sua arte e, se possivel, criar um debate entre público e artista. Ou seja: Cultura, Informação e Reflexão numa sexta feira mais inteligente. Venha e faça parte. ou melhor: FAÇA ARTE!


CLAUDEMIR SANTOS - 28/04/2011.

1 º Sarau da Casa Amarela



Pessoal

No dia 1º de abril de 2011 (garanto que não é mentira) - sexta-feira, às 20h, na Casa Amarela, que fica na Rua Julião Pereira Machado, nº 07, em São Miguel Paulista (rua do Colégio Hugo Takahashi, ao lado da SABESP), estaremos dando início às atividades do Sarau da Casa Amarela.

Estão todos convidados. Microfone aberto e democrático como de praxe, vez e voz garantidas aos artistas interessados em participar, é só chegar, inscrever-se e dar o seu recado.

Haverá também uma apresentação especial do suposto poeta Akira Yamasaki, esse  considerado de voces, que mandará algumas abobrinhas e groselhas e discutirá o seu trabalho com quem de interesse.

A quem possa interessar, também, informo que arte, cultura e bem estar é a proposta da Casa Amarela, espaço cuja gestão está sendo compartilhada pelo IPEDESH - Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Social e Humano, e o Alucinógeno Dramático de Teatro e Pesquisa Artística.

Neste começo de trabalhos a Casa Amarela estará realizando a partir de abril, atividades gratuitas como exposições de artes plásticas, apresentações teatrais e musicais, saraus, fotoclube e cineclube, além de cursos e oficinas a preços simbólicos.

No caso específico do sarau ele acontecerá uma vez a cada mes, sempre na última sexta-feira e além de caracterizar-se como um espaço aberto para expressão e manifestação artística, sempre apresentará a obra de um artista previamente agendado e posterior discussão sobre a sua obra.

Aproximem-se. Venham conhecer a Casa Amarela e participem se houver interesse, garanto que lugar não faltará.

Um abraço do Akira.

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