sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ivan Neris - ecos do sarau ainda


a minha tese é que o meu amigo ivan neris não passa de um esperto farsante, um arisco poeta de mil carapaças e um certeiro atirador de artimanhas e carapuças que se esconde atrás de dezenas de muralhas e couraças, e digo mais, ele é um zagueiro de muita técnica que de primeira passa e sai jogando de cabeça erguida, mas quando necessário não tem escrúpulos de usar recursos de engodos e trapaças;

a minha tese é que ivan é uma construção de mil personagens de si mesmo, só descobri no sarau da casa amarela, quando ele abriu o seu coração e despedaçou a sua alma de vários ivans a dois metros de distancia da platéia estatelada, cada ivan mais verdadeiro que o outro, cada um mais incômodo que o outro, disparando saraivadas de poemas inquietantes que obrigavam todos a se remexer desconfortáveis nas cadeiras;

a minha tese é que os versos de ivan são de difícil digestão e causam desconforto como se avisassem que há algo errado nessa mesa de cozinha, que um soco é iminente na boca desse estômago, que um choque eletrico virá por esse chuveiro, que um cheiro ruim voltará desse bueiro, que um passarinho cagará nessa cabeça, que uma réstia de luz invadirá esse covil de renegados e que uma flor nascerá nesse antro mal frequentado;

a minha tese é que quando todas as artimanhas e trapaças foram descobertas, e quando as carapuças e carapaças cairam no chão dos engodos, incinerados pelo fogo da verdade e lirismo da sua poesia, e quando o seu peito se desnudou das couraças e coletes à prova de balas, e quando todos os ivans se desmancharam como bolhas de sabão no seu coração de ivan;
a minha tese é que nesse momento só restou o menino ivan neris com seu pé quebrado na madrugada incerta do sarau da casa amarela.

akira yamasaki – 17/05/2011.


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