sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sarau do Sacha por Escobar Franelas, Claudio Gomes e Luka Magalhães

Sacha Arcanjo




Sarau com Sacha Arcanjo – História de um Artista e Cidadão por Escobar Franelas
Não adianta dizer que nós, que cultuamos a obra de Sacha Arcanjo, esse querubim desbravador cultural de voz maviosa, poesia artesã e militância cidadã. Não adianta falar que amamos, proclamamos e devotamos um amor profundo a um artista tão nobre, de voz franca e tranquila, de gestos comedidos, de pensamentos profundos e aplicáveis à arte e ao dia-a-dia. Não adianta, pois – tomando aqui o bordão do Obama – definitivamente, Sacha é o cara.
Tivemos na última sexta uma oportunidade única de ouvi-lo cantar e contar suas histórias. E são tantas, e são tão belas, que corremos sempre o risco de, discorrendo sobre ele, falar em demasia, elogiar ao quadrado, puxar o saco e deixar a crítica passar ao largo. Razões para pleonasmos e hipérboles não faltam, mas vamos tentar manter alguma racionalidade.
Faço coro com tudo isso pois não tenho culpa se, toda vez que posso ouvi-lo, uma aura celeste desce sobre meus ouvidos e meus olhos, e sei que, mais do que entretenimento, estou participado de um ritual, um culto ao belo.
No sarau com Sacha Arcanjo n´A Casa Amarela, sexta-feira última (07 de outubro), ele, desprevenidamente, pegou o violão para testar o som e, ao término da breve interpretação, o público o aplaudia. Não teve jeito, o show começara. Rememorando então seu nascimento em Irecê, Bahia, no distrito de Gabriel (hoje município São Gabriel), Arcanjo viajou de volta ao passado, recordou passagens da adolescência, os primeiros aprendizados, a viagem para São Paulo, a chegada em São Miguel, o emprego na Bardela, a parceria com Raberuan, as cantorias no quintal de casa, a visita dos pesquisadores que serviram de base para a exposição de arte na Capela Histórica em 78, o surgimento do MPA, os shows, as viagens, os discos, os 60 anos.
Acima disso, cantou e explicou o processo de criação de alguns dos seus sucessos como Chão Americano, Jangadeiro e Projeção. Declamou poesias, falou de tempos difíceis, não fugiu de reflexões mais elaboradas sobre a condição de ser artista na periferia de um grande centro urbano. Sacha, enfim, brindou-nos com seu melhor.
Quando findou, passava da meia-noite e meia. Não importa, estávamos todos como que envolvidos em um manto sob os auspícios da Beleza. E essas imprecisões do tempo são típicas para quem está em êxtase.
Nós estávamos.

Escobar Franelas 08/10/2011 


Na cesta de Sacha por Claudio Gomes
No sarau da casa amarela, Akira arranjou uma sexta para Sacha contar as razões e emoções que os destinos colocaram na arte que faz da vida e na vida que faz da arte.  Deliciosamente nos embalou com  seus artigos de primeira necessidade. Sim, depois que você  o conhece, ouve, lê e vê  bem dentro dos olhos dele cantando, não pode imaginar mais a própria vida, a emoção, seu próprio ritmo sem continuar ouvindo o Mestre sempre, para religar a alma à Natureza Superior.
Fiz da arte minha religião. Escolhi alguns sacerdotes para me ligar às estrelas. Sacha é um desses, que não sai da minha tenda de orações. No sarau da casa amarela isso mais uma vez ficou provado.
Foi uma sessão de  emoções. A flor da pele instalou-se nos bons que ali foram receber  as sutras sertanejas de Sacha Arcanjo. Não cantou "Água clara de cascata" nem a " Última fome". E ainda assim o cidadão-cantante trovou mais uma vez meu coração e minha mente. E se engulimos algumas lágrimas, foi apenas para lubrificar a garganta e desembargar a voz. 

Cláudio Gomes – 09/10/2011.

Sarau com Sacha por Luka Magalhães
Com o seu jeito calmo, Sacha Arcanjo chegou ao 6º Sarau da Casa Amarela para subverter a ordem, contar sua história e, com suas canções, fazer um verdadeiro depoimento de vida aos presentes.
Sem delongas, afinou o violão ajustou a voz e, contando e cantando realizou um grande show para uma platéia pequena, porém apaixonada pelo trabalho artístico de Sacha. Quem não conhecia suas músicas, ficou conhecendo. Aqueles que não sabiam de sua trajetória, passaram a admirá-lo como pessoa.
De sandálias e ostentando seu chapéu de palha, companheiro inseparável, falava de como ingressou na música e de toda sua participação no MPA e em diversos movimentos artísticos e culturais da região de São Miguel Paulista. Akira Yamasaki lembrou que: “Em São Miguel, todo evento cultural começou em Sacha Arcanjo, ou passou por Sacha Arcanjo ou terminou com Sacha Arcanjo” lembrando da importância deste artista ímpar e de seu trabalho na região.
Com seu brilho, Sacha Arcanjo enriqueceu a história dos Saraus da Casa Amarela, consolidando o evento como mais uma ótima opção de lazer e cultura que aproxima os moradores da região aos artistas populares que vivem e andam a nosso lado, passando despercebidos, como pessoas comuns.
Luka Magalhães – 19/10/2011

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